CAROS AMIGOS DO SILÊNCIO:
Cinco arrojados AVS encontraram-se hoje, manhã cedo, nos contrafortes do
grande pulmão de Lisboa.
Sabendo que os percursos dentro desta grande mata florestal são,
naturalmente, recheados de declives e e zonas encarpadas, o trajecto escolhido
aproveitou uma boa parte das inclinações acentuadas, não poupando em nada as
energias dos que se propuseram vencer estes obstáculos.
Cedo nos percebemos que este não seria o único adversário, confirmando-se
tal suspeita desde o sinal de partida.
De facto, um quase dilúvio abateu-se sobre aquela zona, com granizo à
mistura, permitindo assim, conjecturas de abandono, caso estas condições se
mantivessem.
Após cerca de quinze minutos, quais pintos molhados e quase depenados, a
intensidade da chuva lá se lembrou de nós, e foi abrandando aos poucos,
permitindo que o desânimo não se apoderasse das hostes nesta luta ingrata e
desigual.
Até ao final, deu-se lugar à força anímica para vencer as inúmeras
subidas acentuadas, logo complementadas com outras tantas descidas abruptas, em
que o grande cuidado era direccionado a evitar o mínimo desequilíbrio que
provocasse uma queda, para mais com um piso escorregadio, tão marcado pela
chuva copiosa.
Sendo esta uma crónica sobre uma prova desportiva, elas proporcionam-nos
o contacto com lugares tão díspares de uma para outra corrida.
Entendo ser este aspecto mais um trunfo valioso para quem aprecia o culto
do conhecimento. Se uns lugares nos conduzem a pedaços da nossa história,
outros virados para questões sócio políticas, ou ainda de ordem económica,
outros ainda dedicam-nos a possibilidade de contactar com a mais frondosa
floresta da zona de Lisboa. Esta permite-nos desfrutar da beleza natural deste
grande pulmão da capital, e que faz com que a poluição urbana seja minorada por
esta contribuição da fábrica natural do oxigénio.
Para que possamos aperceber-nos da realidade desta zona, deixo aqui
alguns excertos das características desta zona que está a dois passos do centro
da cidade, e com acessos bem integrados, e que nos proporcionam os mais
diversos tipos de desportos e lazer.
PARQUE FLORESTAL DE
MONSANTO
No século XIX, a serra
de Monsanto era coberta por searas e por pastos para gado. A importância da
produção cerealífera é atestada pelos inúmeros vestígios de moinhos de vento.
Tinha também várias pedreiras em actividade, de onde se extraía a matéria-prima
para a crescente demanda urbanística da Lisboa da época.
Em 1868 surge a ideia
de arborizar o que seria o Parque Florestal de Monsanto, para, a
exemplo do Bosque de Bolonha, em Paris, ser um
grande parque de passeio dos Lisboetas. Mas só em 1929 foi criada a
primeira comissão para elaborar plano de arborização da Serra de Monsanto.
Os moinhos que abundam na serra serão aproveitados para pequenas casas de
chá, independentemente da construção de um ou vários pavilhões (…) e em torno
deste grande parque, de acidentado terreno e belos horizontes, haverá uma
avenida de onze quilómetros de extensão (…) que ligará com o futuro Estádio Nacional e terá comunicação
com (…) o largo da Torre de Belém».
A árida Serra de Monsanto tornou-se palco de uma guerra pacífica, na qual a
Mocidade Portuguesa tem o papel de criar vida, plantando milhares de árvores,
que hoje revestem a Serra, com a urgência que envolvia todo o projecto. As
poucas árvores que existiam na Serra eram as da Mata de São Domingos de
Benfica, as da Tapada da Ajuda, e ainda algumas oliveiras que ladeavam as
estradas que dividiam os terrenos.
À Mocidade juntaram-se os trabalhadores desses terrenos e os prisioneiros
do Forte de Monsanto, numa luta contra o tempo, plantando árvores de
crescimento rápido como a Acácia Austrália (Acácia melanoxylon) e o Eucalipto (Eucaliptus
globulus lab). Plantaram também pinheiros mansos (Pinus pinea),
pinheiros de alepo (Pinus halepensis) e Cedros do Bugaço (Cupressus
lusitanicus) com um carácter de recreio, e espécies típicas da floresta
portuguesa, como o Carvalho Cerquinho (Quercus faginea), o Sobreiro (Quercus
suber) e a Azinheira (Quercus rotundifolia), com um intuito
didáctico.
Em 1940 foi projectado o Centro de Desportos do qual só foi construído o
seu miradouro. Localizado perto da actual Alameda Keil do Amaral que foi em
2003 transformada em zona de desportos radicais e de manutenção física bastante
frequentada. São cerca de 1300 metros de circuito livre de automóveis com uma
área todo-o-terreno para BTT, um ringue com obstáculos e rampas para skate, BMX
e patins, um circuito de manutenção, um parque de merendas e um anfiteatro com
vista para o Rio Tejo e para a margem sul.
Actualmente, o Parque Florestal de Monsanto, tem a dimensão aproximadamente
de 900ha, mas já teve cerca de 1000ha, tendo sido cedido em 2005 uma extensa
faixa para possibilitar a construção da Radial de Benfica. É da
responsabilidade da DMAU, do DAEV e da DESA, entidades que se preocupam em
garantir a segurança e as condições necessárias, para que se possa usufruir de
tudo o que Monsanto tem para oferecer. Assiste-se em Lisboa obras que põem em
prática o Plano do Corredor Verde, pensado pelo Arquitecto Paisagista Gonçalo
Ribeiro Telles há mais de trinta anos atrás, sendo o responsável pela decisão
de avançar com as obras é o vereador dos Espaços Verdes da Câmara de Lisboa,
José Sá Fernandes.
O Corredor Verde é um plano que tem o objectivo de ligar entre si todos os
espaços verdes desde o Parque Eduardo VII até Monsanto. Estão previstas, e já
em construção, diversas ciclovias, pontes e passagens de peões, recuperação e
melhoramento do parque de estacionamento, e equipamentos de apoio, como uma
recepção em Campolide, cafetarias, aluguer de bicicletas e carrinhos
eléctricos. Espera-se que este plano se concretize e ligue os lisboetas e
Lisboa ao seu afamado, mas pouco usufruído, “pulmão”…
A serra de Monsanto
apresenta condições de exposição ao vento que levaram ao desenvolvimento de uma
importante atividade moageira. Em 1762 contavam-se cerca de quatro dezenas de
moinhos de vento no caminho que ligava a Junqueira e Belém a Monsanto. Este
número cresceu até meados do século XIX, com um
máximo de cerca de 75 unidades em laboração, tendo entrado depois em rápido
declínio.
O Moinho do
Penedo foi o último a encerrar, em 1925.[2]
JOAQUM BELO 49º 8º 43,00
RUI FIGUEIREDO 50º 25 43,03
LEONEL NEVES 78º 4º 44,24
LUCIANO TOMÁS 166º 9º 49,14
JOAQUIM DAMAS 199º 12º 50,45
Um comentário:
Parabéns a todos os participantes nesta prova molhada como diz o cronista do belo texto sobre a mesma.
Um abraço a todos
Leonel
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