quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Corrida Avante


   Quando a inspiração anda pelas ruas da amargura fala-se do tempo, de lugares-comuns, de clichés, enfim, tenta-se inventar qualquer coisa só para não estar calado. Alguém disse que saber e calar é uma grande filosofia, que se a palavra ou a fala são de prata, o silêncio é de ouro. Conciliando esta máxima, o desconhecimento do paradeiro da musa e a necessidade de dizer alguma coisa, resta-me falar do tempo, de banalidades e de clichés.
Há tempo para todos os gostos: chuvoso, ventoso, frio, quente, tempestuoso, ameno. Hoje, a nível nacional não sei, mas ali para os lados da Amora o tempo esteve de feição para os milhares (?) de atletas que aí se deslocaram para participarem na prova do Avante. Nem calor nem frio, uma aragem suave lambia os rostos de todos, dos atletas e daqueles que fizeram questão de assistirem à grande festa dos camaradas comunistas. Ao todo são mesmo milhares.
Quem não soubesse de que festa se tratava, talvez pensasse se não seria algum concerto de rock. As tendas montadas espalhadas na área circunvizinha ao local da festa, os autocarros cheios de gente, gente de todas as idades, raças e classes sociais; pessoas ostentando simbologia ideológica, tatuagens, vestuário, bandeiras. Uma senhora de certa idade mostrava, envaidecida, o braço esquerdo com o rosto de Ernesto Che Guevara tatuado; as tascas de comes e bebes.
A festa era comunista, mas à corrida não faltaram pessoas de todos os quadrantes políticos, porque os atletas, não sendo apolíticos, acima de tudo são amantes do desporto e põem as questiúnculas políticas de lado. Mas festa é festa e havia quem não seja comunista e estava ali porque gosta da festa que os comunistas fazem todos os anos, honra lhes seja feita.
A prova decorreu normalmente. O percurso, um pouco mais longo, é todavia menos duro. Sacaram-lhe a subida inicial que era durinha.
Para muitos atletas esta prova marca o arranque da época.
Os Amigos Vale silêncio compareceram em peso. Uns mais bem preparados do que outros. Uns a curar lesões recentes e antigas, outros que não corriam havia dois meses, outros que não sei quê.
Uma referência à fotógrafa do clube, graças a ela vamos poder ver e recordar este dia com as fotos que tirou.
Os resultados são fraquitos, mas isso não importa, o que importa mesmo é termos estado lá e termos a certeza de que os que não estiveram em presença estiveram em espírito, em solidariedade com os companheiros de luta.
Texto : Leonel Neves
Atletas presentes(ainda não há classificação oficial)
Pedro Arsénio
Leonel Neves
José Moga
Luciano Tomas
Hernani Monteiro
Filipe Ramalho
José Rebocho
Joaquim Adelino
João Inocêncio
Ricardo Nicolau
Fernando Avelino
Armando Almeida
Marco Melo
Hugo Adelino
Ricardo Pereira
Emilio Gonçalves
Peço se falta alguém "que se acuse"



6 comentários:

Pedro Ferreira disse...

Grande invasão! Foi uma mancha azul e branca (à Santa Iria, claro)de boa disposição e em grande forma!

Anônimo disse...

Também lá estive e concluí, embora já sem direito à tradicionsl T-shirt.O importante foi mesmo a participação em ambas as festas (Corrida e não só)

Abraço Silencioso

Emílio Gonçalves

joaquim adelino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
joaquim adelino disse...

Classificações ni link abaixo http://joaolima.net/Provas/Corrida_do_Avante_Seixal.htm

Anônimo disse...

Falto eu.
Vitor Pinto

ESTÓRIAS DE PORTUGAL disse...

Palavras sábias, grande Amigo. Inspira-nos o silêncio das provas com esforço, em que cada passo nos faz seguir mais em frente, ultrapassando dores e recuperando o espírito.