Quando
a inspiração anda pelas ruas da amargura fala-se do tempo, de lugares-comuns,
de clichés, enfim, tenta-se inventar qualquer coisa só para não estar calado.
Alguém disse que saber e calar é uma grande filosofia, que se a palavra ou a
fala são de prata, o silêncio é de ouro. Conciliando esta máxima, o
desconhecimento do paradeiro da musa e a necessidade de dizer alguma coisa,
resta-me falar do tempo, de banalidades e de clichés.
Há tempo para todos os gostos:
chuvoso, ventoso, frio, quente, tempestuoso, ameno. Hoje, a nível nacional não
sei, mas ali para os lados da Amora o tempo esteve de feição para os milhares
(?) de atletas que aí se deslocaram para participarem na prova do Avante. Nem
calor nem frio, uma aragem suave lambia os rostos de todos, dos atletas e
daqueles que fizeram questão de assistirem à grande festa dos camaradas
comunistas. Ao todo são mesmo milhares.
Quem não soubesse de que festa se
tratava, talvez pensasse se não seria algum concerto de rock. As tendas montadas
espalhadas na área circunvizinha ao local da festa, os autocarros cheios de
gente, gente de todas as idades, raças e classes sociais; pessoas ostentando
simbologia ideológica, tatuagens, vestuário, bandeiras. Uma senhora de certa
idade mostrava, envaidecida, o braço esquerdo com o rosto de Ernesto Che
Guevara tatuado; as tascas de comes e bebes.
A festa era comunista, mas à
corrida não faltaram pessoas de todos os quadrantes políticos, porque os
atletas, não sendo apolíticos, acima de tudo são amantes do desporto e põem as
questiúnculas políticas de lado. Mas festa é festa e havia quem não seja
comunista e estava ali porque gosta da festa que os comunistas fazem todos os
anos, honra lhes seja feita.
A prova decorreu normalmente. O
percurso, um pouco mais longo, é todavia menos duro. Sacaram-lhe a subida
inicial que era durinha.
Para muitos atletas esta prova
marca o arranque da época.
Os Amigos Vale silêncio
compareceram em peso. Uns mais bem preparados do que outros. Uns a curar lesões
recentes e antigas, outros que não corriam havia dois meses, outros que não sei
quê.
Uma referência à fotógrafa do
clube, graças a ela vamos poder ver e recordar este dia com as fotos que tirou.
Os resultados são fraquitos, mas
isso não importa, o que importa mesmo é termos estado lá e termos a certeza de
que os que não estiveram em presença estiveram em espírito, em solidariedade
com os companheiros de luta.
Texto : Leonel Neves
Atletas presentes(ainda não há classificação oficial)
Pedro Arsénio
Leonel Neves
José Moga
Luciano Tomas
Hernani Monteiro
Filipe Ramalho
José Rebocho
Joaquim Adelino
João Inocêncio
Ricardo Nicolau
Fernando Avelino
Armando Almeida
Marco Melo
Hugo Adelino
Ricardo Pereira
Emilio Gonçalves
Emilio Gonçalves
Peço se falta alguém "que se acuse"
6 comentários:
Grande invasão! Foi uma mancha azul e branca (à Santa Iria, claro)de boa disposição e em grande forma!
Também lá estive e concluí, embora já sem direito à tradicionsl T-shirt.O importante foi mesmo a participação em ambas as festas (Corrida e não só)
Abraço Silencioso
Emílio Gonçalves
Classificações ni link abaixo http://joaolima.net/Provas/Corrida_do_Avante_Seixal.htm
Falto eu.
Vitor Pinto
Palavras sábias, grande Amigo. Inspira-nos o silêncio das provas com esforço, em que cada passo nos faz seguir mais em frente, ultrapassando dores e recuperando o espírito.
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