sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Trail São Tiago de Ribas, Edral

A prova está integrada no calendário da festa do São Tiago,
a ter lugar no próximo domingo, no Santuário de Ribas.
Os AVS estiveram representados pelo Amigo Fernando Jorge,
com direito a pódio, tendo concluído a prova em 1h 7 m. Parabéns.
Edral é uma aldeia do nordeste transmontano, Concelho de Vinhais.
Para quem gosta de lendas e de ler, aqui deixamos a do São Tiago de Ribas,
cuja presente versão é da autoria do Padre Firmino Martins, mas segundo parece, há versões muito mais antigas. O Conde D. Pedro por volta do ano de 1340 terá redigido uma versão desta lenda, e Alexandre Herculano fez o mesmo com a sua “A Dama Pé de Cabra”.
Deliciem-se.
“Em era remota, vivia em Edral, região de lomba, abastado fidalgo de nobre solar. Os amores que, a ocultas, mantinha com formosa aldeã, levavam-no a combinar frequentes idílios no lugar de Ribas, na encosta íngreme da margem direita do Rio Rabaçal. Certo dia, o nobre fidalgo saiu à caça. Depois de bater a mata espessa de urzes, medronheiros e xardões, com os fogosos podengos, sentou-se sobre uma fraga, relanceando a vista pela selva em flor, para ver se o oscilador de algum arbusto lhe denunciava a presença da bela aldeã. O sol já havia fugido do monte fronteiro, a noite ia caindo quieta e taciturna; lá em baixo, no sopé do fraguedo enorme, o rio sussurrava, coleando as puídas rochas, quando saiu da montina escura o vulto donairoso da linda serrana. Aproximam-se. Ele, galanteador e apaixonado, ela, mais gentil e carinhosa que nunca, desceram lentamente por carreirão estreito em direcção a uma clareira próxima. O fidalgo, tirando do bornal lauta merenda, que entregou à moçoila, procura em volta lavada pedra para que lhes servisse de mesa. Mas, horrível visão! Quando se ajoelhou para assentar a provisória mesa, pôde observar que as pernas da formosa aldeã eram de cabra. Levanta-se para fugir, chama os podengos; mas ela, enlaçando-o nos braços fortes, esforça-se por arrastá-lo até à beira do alto precipício, para o lançar na corrente caudalosa do rio; ele, porém, percebendo o risco que lhe corre a vida, sem forças, desfalecido, já no cume da elevada penedia, lembra-se de Deus e dos santos, e, em voz rouca, exclamou com intensa fé: “Senhor Santiago Menor, valei-me! Hei-de erigir, neste mesmo lugar, uma capela em vossa honra!”. De repente, uma espada chamejante cintilou à luz baça do crepúsculo; e o fidalgo só pôde ver um horrível demónio a chispar lume pelas largas narinas, que se precipitou no rio, soltando imprecações infernais. Regressando o fidalgo a casa, passados dias mandou construir uma capela em honra do glorioso benfeitor”.

Nenhum comentário: