domingo, 23 de junho de 2013

O silêncio do Vale dos Amigos

As rochas param,
Os montes fitam,
As nuvens pairam,
O chão desliza,
Passo a passo,
A trote,
Ou a galope,
O amigo pisa,
Impelido pelo vento,
Que é contrário,
Corre contra o tempo,
Contra a maré,
Vai mundo fora,
Montes e vales,
Empedrados e areal,
Não chega ainda,
Nem pára agora.

Há sempre mais uns metros,
Decâmetros, hectómetros,
Quilómetros,
Pés a correr estrada além,
Qual fome de descobrir
Mais um canto, um caminho
Uma surriba,
Não dá fome, a corrida,
Dá fome de corrida,
Pés de éter, de veludo,
O chão não os sente,
Ri de contente,
Este pensar a que aludo,
Por saber que esta gente
Tem o prazer na ponta dos pés,
É isto que ele sente,
É isto que aquele conta,
É isto que tu és.

No meio do silêncio do vale,
Tantas vozes,
Vozes silenciosas,
Sussurram,
Palavras pingadas,
A rasgar a cara,
A paisagem te admira,
Olha essas pingas de safira,
Que evaporam
Em cada pedalada,
A mata te atira
Uma seta de orgulho
De sabor, de prazer,
Por saber
Que estás a limpar o entulho
Do teu corpo,
Que, esse sim,
Te levará a bom porto.

Orgulho no que fazemos,
Com os pés, com as mãos,
Pernas, braços e cabeça,
Qual palato da vida,
O gostinho especial
Estar com os amigos
Aqui, neste local,
Ou noutro lado,
Cumprir sonhos antigos,
De menino,
Passar à realidade,
Com esse teu porte fino
Deslizar pelas nuvens,
Sonho corrido e cantado,
Seres o campeão
Do mundo, da alegria,
Axioma de satisfação,

No teu silêncio,
Vais aos outros contando,
Sem palavras,
Eles entendem esta linguagem,
Ao José, ao Fernando,
Ao Joaquim, ao Leonel,
Por entre tão frondosa folhagem,
Por tanta história seguida
O silêncio do vale pára,
E siga a vida!

 

Luciano Tomás

Um comentário:

Anônimo disse...

Belíssimo poema da autoria do amigo Luciano Tomás.Parabéns.


Leonel