segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Maratona,meia maratona, estafeta e prova aberta em Lisboa

Texto: LEONEL NEVES

São muitos, centenas, milhares. É um espectáculo digno do palco e dos actores. Há-os para todos os gostos e feitios. Profissionais, amadores, extrovertidos, introvertidos, magros, gordos, altos, baixos, cabeludos, carecas, bonitos, feios, todos com um sorriso nos lábios, um propósito e uma felicidade imensa estampada na face. Conhecidos e amigos trocam impressões sobre esta e outras corridas; fazem-se prognósticos para os jogos mais importantes da liga. Estão ansiosos, os nervos miudinhos à flor da pele.
- Bons olhos te vejam!
- Olá, companheiro!
- Estás mais gordinho, ou é impressão minha?!
- Pudera! Estive parado seis meses…
Este curto diálogo passou-se entre dois velhos amigos e companheiros de corrida. Aqui e ali outros grupinhos conversam; aqui e ali um e outro corredor fazem alongamentos, outros concluem o aquecimento; outros ainda amontoam-se na partida.
A esta hora o pessoal da maratona já está farto de correr e o da mini já deve ter terminado. Entre os atletas da prova rainha, encontra-se o Amigo Joaquim Adelino, grande campeão, e, no da mini, está a Amiga Gabriela. Os estafetas também já estão a dar o seu melhor. O Pedro já concluiu, o Rui está quase, o Tiago está prestes a começar. O Inocêncio ainda tem que esperar um bom bocado, mas já deve estar a aquecer o turbo. Aproxima-se a hora da partida da meia. Há que ir à casa de banho pela última vez. Está tudo a postos. Dez, nove…, zero, partida.
É uma grande confusão. Os da primeira fila disparam sem problemas; os da segunda são cautelosos para não se atropelarem. Braços estendidos para a frente, para os lados; mãos encostadas a este e àquele e àqueloutro. Ninguém se incomoda com isso. Os últimos partem muito calmamente, sem atropelos, sem pressas, continuando a conversar. Têm tempo de chegar, o objectivo é mesmo esse, então por que ter pressa? Os nervos, logo que soa o tiro de partida, são postos para trás das costas. Não se pensa em nada, por enquanto. Lá mais para a frente as coisas mudam um pouco. Nessa altura experimenta-se uma mistura de sensações de prazer, de cansaço, de desistência, de resistência, com as quais, cada um à sua maneira acaba por ter que lidar, de forma a cumprir os objectivos com o mínimo de esforço.
- Benga benga Manolo! - Gritava uma espanholita muy guapa, incentivando o seu compatriota.
A prova está no meio. Os corredores da meia misturam-se com os mais atrasados da maratona. Correm lado a lado como o Neandertal e o Sapiens há trinta mil anos. Os da meia sentem-se pequeninos, tímidos, envergonhados, ao lado dos outros, que, apesar de cansados, levantam a cabeça, arreganham os dentes, com a meta em mente. Uma maratona é uma maratona, pensam. Muitos já fizeram muitas e isso dá-lhes, naquele momento, algum alento para continuar.
- Olha aquele! Parece que começou agora a correr, está fresquinho como uma alface.
- E começou, é um estafeta.
- E aquele ali!
- Coitado! Está todo roto.
- Esse é maratonista, um lutador, sofre mas não desiste.

Finalmente a meta. Que alívio! Que satisfação! Cansados, mas felizes. Aperta-se a mão e dá-se os parabéns a este e àquele. Tira-se o chip do ténis, dá-se dois dedos de conversa. – La prova è molto difficile! Comentava um italiano, de Roma, segundo ele; fazem-se votos, diz-se adeus até à próxima.
Os resultados e os tempos dos Amigos Vale Silêncio são os seguintes:
Maratona:
633º-Joaquim Adelino 4h07'50"
(chegaram 1107 atletas)

Estafeta 4º em 66 equipas
(Pedro Arsénio,Rui Pacheco,Tiago Silva e João Inocêncio)

Meia Maratona:
13º- Luís Santos 1h 22'39"
132º-Leonel Neves 1h 35'43"
278º-Hernâni Monteiro 1h 43'55"
288º-José Jacob 1h 44'20"
344º-Antonio Coelho 1h 46'21"
495º-Armando Almeida 1h 52'00"
578º-José Moga 1h 55' 15"
765º- Fernando Silva 2h 01'52"
912º-Paulo Portugal 2h 09'04"
1160º- Emílio Gonçalves 2h 27'30"
(chegaram 1229 atletas)

Prova Aberta:
António Sousa
Gabriela Almeida

6 comentários:

Unknown disse...

Mais uma vez nos deixamos levar por estes excelentes relatos feitos por o nosso atleta Leonel Neves, a prova correu melhor a uns que a outros, mas como já me disseram muitas vezes, não podes querer ganhar todas.
Penso que fazemos um balanço positivo de toda esta grande prova pois para mim foi um privilégio poder estar na estafeta que alcança o 4º lugar mesmo em cima do 3º, o nosso melhor resultado de longe.Os outros atletas cada um à sua maneira completaram a prova e a todos eles os meus parabéns.Ao Armando um abraço em especial para ajudar à recuperação :)

Um abraço a todos e bons treinos.

Já sabem...Uma vez amigos, amigos para sempre :)

Fernando Silva disse...

Hoje quero ser o primeiro a comentar:
1º Parabéns ao Leonel pelo seu texto, não tenho adjectivos para o qualificar
2º Parabéns a nossa equipa pelo seu 4º lugar, impensável para o grupo até ao dia de ontem e ficou um certo amargo em todos por o 3º estar tão perto.
3º Parabéns aos nossos cotas Joaquim Adelino(na sua 3ª maratona este ano)
José Pereira que desta vez vestiu a camisola do clube da sua terra
4º Ao Luís Santos pelo seu excelente 13º na geral na meia
E finalmente a todo o grupo

joaquim adelino disse...

A todos os amigos parabéns pelas suas participações, em especial os da Estafeta, o 4º lugar é inegável um grande resultado e coloca-nos numa situação respeitável para todas as outras equipas.
Um incentivo também para o Armando e o José Pereira pelas dificuldades acrescidas que tiveram em determinada altura da prova (parte final) fazendo com que não conseguissem lograr os objectivos pretendidodos. Uma palavra para o Inocêncio e Hernâni pela sua disponibilidade generosa no final para ajudar um colega na parte final da Maratona.
E a todos os outros que tudo fizeram para concluir as suas respectivas provas, dignificando-se a si e também o nosso Clube.

juca jacob disse...

Ando nisto ha pouco tempo mas da para perceber que temos em todas as vertentes os melhores atletas do mundo. Boa equipa.

joaquim adelino disse...

Ao Leonel um elogio pela forma como retrata esta grande competição envolvendo quase todas as vertentes da Corrida, desde a prova aberta até à Maratona.
Um retrato que não é apenas imaginação mas sim uma cópia daquilo que é a parte social e competitiva de qualquer realização deste tipo, e onde todos nos revemos nestes episódios. É um outro lado de quem estando por dentro sabe tirar partido, com o seu saber e experiência, dos sentimentos e angústias daqueles que estando lá tudo fazem para ultrapassar as dificuldades que lhe aparecem a cada momento, conseguindo assim a superação desejada ao cortarem a linha de chegada.
Agradeço as simpáticas palavras a mim dirigidas e entendo aquele "Campeão" como uma palavra de estímulo, o que agradeço.
Abraço

Unknown disse...

Moral e espírito não nos falta Jacob...
Mister fica para a próxima publicação desta vez foi o segundo :P